terça-feira, 16 de setembro de 2008

Postal para a Simone.


Querida Simone :

Hoje cheguei, pelas 8, ao trabalho, e lá estava ele.

Sentado, cabisbaixo, com borbotos.

Pensei se terá sempre lá estado, ou se foi lá posto recentemente. Ou se, simplesmente, durante a noite escapuliu-se da cama de uma criancinha, e ali se pôs, prostrado, a olhar.

Dá ares de quem desistiu de alguma coisa. De alguém condenado. De alguém brutalmente espetado num tubo, que olha, apático, para a fileira de fábricas à sua frente.

Há barulho à volta dele, há máquinas, há pó.

E ele ali tem estado, todo o dia.

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